25 julho, 2007

Um verdadeiro trafêgo

Não sei se esta expressão é originária de Alpiarça, mas a verdade é que é bastante utilizada e já a conheço há muitos anos.

Alguns exemplos de aplicação:
- "esta gaja é um verdadeiro trafêgo!" (Tradução: esta gaja é uma atrofiada/chata "comó" caraças)
- "Bem, a 2ª circular hoje tá um verdadeiro trafêgo!" (Tradução: Cum caralho, q'esta merda nunca mais anda pá! Dass!)
- "Ontem à noite? Ui, Ui!!! Um verdadeiro trafêgo!" (Tradução: Ontem? Agarrei uma chiba que até grégo me saiu plas orelhas!)
- "Aquela gaja na cama é um verdadeiro trafêgo!" (Observação: dependendo da entoação, poderá significar um de dois opostos - ou a gaja era um verdadeiro furacão ou uma verdadeira alforreca)
- "Epah, este Nuno Gomes é um verdadeiro trafêgo!" (Observação: esta não necessita de tradução)

24 julho, 2007

Jogar à Manguêruça

"Epah, rebenta a bolha! Jogaste à manguêruça!"...

"Oh diabo!", perguntam alguns dos fiéis leitores deste pasquim informático... Que raio será "jogar à manguêruça"???

Talvez não seja verdade, mas gosto de acreditar que esta expressão tenha nascido numa das seguinte situações:

- ou com crianças pequenas a jogar ao berlinde por trás da escola primária ou com crianças grandes a jogar snooker no café do Carvalhal... (para quem não conhece o café do Carvalhal, também aviso que... não tem nada que conhecer...)

Em ambos, ou em qualquer outro onde se aplique esta expressão, jogar à manguêruça significa o mesmo que fazer batota.

No caso do berlinde era assim (os mais novos não devem sequer saber o que é um berlinde mas enfim): o pessoal agarrava o berlide, marcava um palmo e jogava. Jogar à manguêruça era jogar à frente desse palmo.

Quanto ao snooker: em vez de se dar uma tacada na bola, "empurrava-se" a bola com o taco...


Perceberam agora? Só é pena que no Futebol Português se jogue tanto à manguêruça e ninguém faça nada... :)

23 julho, 2007

Tralha Mira e Moca

Para assinalar o post #50 deste blog, deixo-vos esta expressão, pela qual tenho grande estima e que é correntemente usada em Alpiarça: "Tralha Mira e Moca".

Confesso que não tenho nada contra a família Mira, nem contra a família Moca. Aliás, nem sei quem são, nem muito menos quais foram as "peças" destas famílias responsáveis por dar origem a esta expressão.

Só sei que desde há muito tempo que a ouço (e uso), quando não estou a gostar de estar num sítio devido às outras pessoas que estão presentes.

Assim, quando entrarem, por exemplo, num bar e virem que o ambiente está mau, cheio de pessoal "xunga", podem sempre virar-se pra vossa companhia e dizer:

- "Epah, vamos mas é embora daqui que isto é só tralha Mira e Moca!"

20 julho, 2007

Escalavardado

Estava eu hoje a ler um outro blog Alpiarçolho, o qual não aprecio muito pois serve mais para "rir de" do que "rir com", quando me deparo com a seguinte palavra: "escalavradado".

AH POIS É!!! Ora aí está uma que não ouvia há muito tempo, se bem que sempre a conheci como escalavardado! É verdade que existe a palavra escalavrado no dicionário, mas o raça do alpiarçolho gosta sempre de dar um ar de sua graça e mudar a Língua Portuguesa da forma que lhe dá na real gana...

Parece que tou a imaginar: "escalavrado? qual quê! a gente cá passa mas é a usar escalavardado que é bem mais engraçado!"

Para aqueles que não conhecem a expressão e se estão a questionar sobre que raio é que quer dizer escalavardado, deixo o seguinte diálogo, que tive há tempos com a minha avó, onde podem também ter acesso a outras preciosidades do nosso dialecto (a bold/negrito):

Eu - Então vó, tudo bem? Oh.. ké isso? Tás a coxear oh quê?
Avó - Ah filho... nem queiras saber...
Eu - Oh oh, não me digas que andaste outra vez a árremar (=mandar) mortais de costas???
Avó - Ai... nem sabes... vinha ali de casa da Mari Marimilha, perto do cruzamento da Psientra, e passa-se um raça dum cão à nha frente e caí em cima deste joelho!
Eu - Sempre ma lembra oh vó! Mas estás bem?
Avó - Ah rpá... fiquei aqui com este joelho todo escalavardado mas tenho besuntado isto com uma pomada do chinês e já tá melhor...
Eu - À velha duma figa!!!
Perceberam a ideia?

Sempre que quiserem dizer que se magoaram nalgum sítio, basta apenas referir que ficaram todos escalavardados, que a malta fica logo esclarecida! :)

18 julho, 2007

Corno

Quais as melhores maneiras de chamar corno a alguém de forma simpática e ribatejana?

Experimentem estas:
- Unha-rachada
- Quatro-orelhas
- Fura-Barracas
- Orelhas d'osso

Se nenhuma resultar, digam apenas:
"pra corno só te faltam as orelhas!"

Anda cá canina!

Ora finalmente a revelação da expressão que dá nome ao blog: "anda cá canina..."!

Desde muito novo que me recordo de entrar nas tascas pra comprar pastilhas gorila e de ouvir, sempre que passava uma gaja com tudo no sítio, esta bela expressão:
- "Ohooh!! Anda cá canina que eu não te aleijo!" (ou, em bom alpiarçolho, anda cá canina kê nã t'alêjo!), piropo que era invariavelmente arremessado por gajos com aspecto de trolhas e quase, quase sempre, com o belo do palitinho no canto da boca.

Sempre que ouvia a expressão ficava na expectativa: "qual será a reacção dela? será que virá? será que não? Mas ele disse que não a aleijava e tudo! Olha, foi-se embora..."

Bem, havia algo que certamente estaria mal. Não era certamente o ar de trolha e o palito ao canto da boca. Tinha que ser na expressão. Tentei várias vezes. Punha um bigode postiço, bebia três ou quatro copos de tinto até ficar rosadinho e, com os lábios pretos da vinhaça, arrancava direito a elas, de cabelos do peito à mostra e palito ao canto da boca, como um típico macho ribatejano.

Chegava ao pé delas e, com o bafo a vinho tinto, sussurrava-lhes ao ouvido: "anda cá canina kê nã t'alêjo!"

As respostas diferiam, oscilando entre o par de estalos e o "seu porco de merda"!

Até que um dia uma amiga minha me contou que, pra ela, o problema estava no "nã t'alêjo", pois não era coerente com a imagem do macho de bigode farfalhudo a cheirar a vinho tinto.
Era como usar uma tatuagem a dizer "Angola 1969" com um top cor-de-rosa, ou trabalhar nas obras e usar fio dental, percebem?
Disse que se fosse "anda cá canina q' hoje é à bruta", ainda vá que não vá. Agora o "nã t'alêjo" era demasiado abichanado para um macho que se queria afirmar como tal.

Assim, meus amigos, o conselho é o seguinte:
- caso se "mascarem" de machos, sejam consistentes e não se ponham com essas bichanices do "nã t'alêjo"!
Ou se é um macho ribatejano ou não é, pá!!!

E já agora era mais um copo de tinto e um pires de caracóis oh faxavôr!!!

16 julho, 2007

1000 cães malinosos!!!

Fantástico!!!!! Chegámos à marca de 1000 cães malinosos a visitar o blog!
Pra que não restem dúvidas, deixo o printscreen dessa fantástica marca!


Alguns comentários a esta marca:

1 - Muito obrigado a todos os que nos têm visitado e, assim, nos têm dado alento pra continuar...

2 - O objectivo deste blog é descobrir e partilhar alcunhas, expressões e estórias engraçadas desta vila ribatejana, ou seja, “rir com e não rir de”. Não temos o objectivo de ridicularizar ninguém, nem usar esta via como movimento cívico ou político, como alguns blogs que têm aparecido, pelo que se alguém se sentir ofendido com algum post, basta enviarem um mail que o retiraremos de imediato.

3 - Esperamos que continuem a contribuir com comentários e sugestões (precisamos principalmente de alcunhas “alpiarçolhas” para continuar a rúbrica com o mesmo nome)


Decidimos que a marca de 1000 visitantes merece também algumas mudanças. São elas:

1 - Nova imagem do blog (um verde cueca pra não ferir muito a vista)

2 - Finalmente a revelação da expressão "anda cá canina...", título do blog, no próximo post

3 A abertura de lugares para todos aqueles que queiram participar (basta enviarem um ensaio de post para cao.malinoso@gmail.com e, se passarem no lápis azul da PIDE, serão convidados a escrever habitualmente no blog, recebendo para isso um username e uma password)

Mais uma vez, a todos,

MUITO OBRIGADO

07 julho, 2007

Entrada do Cú

Há muitos, muitos anos atrás, talvez 30, 40, existiam poucos Médicos no País. Em Alpiarça, então, existia 1 ou 2, segundo consta. Um deles era o Dr. Romão...

Logo pra começar, das coisas que o Dr. Romão mais gostava de fazer era de andar de bicicleta enquanto largava grandes e sonoras flatulências (não, não eram arrotos do Rão Kyao, eram mesmo peidos). Quando questionado sobre tal comportamento, respondia sempre da mesma forma:

-"oh filha, vale mais mandar um peido do que estragar uma caldeirada de tripas!"

Confesso que é uma frase que ando há quase 30 anos pra descobrir o significado e, até hoje, nada... Mas o homem era Médico, lá sabia o que dizia...

Uma vez, um paciente muito tímido estava com uma borbulha enorme no cú, mesmo pertinho do cano de escape, e decide ir ao Dr. Romão. Reparem-me só na espectacularidade da conversa que se passou:
Paciente: - Oh Doutor, sabe, ando aqui com um problema...
Dr.: - Oh homem, diga lá o que se passa!
Paciente: - É delicado Doutor, sabe. É naquelas partes traseiras...
Dr.: - No cú, quer vossemecê dizer! (espectacular até aqui, hein)
Paciente: - Exacto Doutor! É que me dói e não sei bem como resolver. Eu nem queria vir cá, a nha Maria é que me obrigou...

O Dr. Romão mandou o paciente tirar as calças e deitar-se na marquesa de cú pro ar. Após analisar a situação diz:
Dr.: - Oh homem, então o que você tem aqui é um furúnculo mesmo à entrada do cú!

Ao que o paciente muito rápido e exaltado responde:
Paciente: - Oh Doutor, à entrada não!!! À saída!!!