29 setembro, 2008

Vi-me da cor dos cães

Há uns dias a minha avó sentiu-se mal. Um pico de tensão, tudo a andar à volta, sensações de desmaio, etc... Felizmente tudo correu bem.

Quando lhe perguntei o que se tinha passado, como se tinha sentido, a sua resposta foi: "Ah filho, vi-me da cor dos cães!"

Engraçado. Noutros sítios as pessoas, quando se vêem muito aflitas dizem coisas como:
- vi a vida a passar-me à frente dos olhos!
- estava a ver que era desta!
- ia batendo as botas!
- vi a luz ao fundo do tunel!
- ia tendo um encontro com o criador!
- etc

Em Alpiarça, podemos sempre ser diferentes e dizer "Vi-me da cor dos cães"!
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Nem vou tentar interpretar isto...

Marmão

No outro dia estava a falar com uma colega Lisboeta e adverti-a para o facto de por vezes me distrair e usar palavras do "dialecto alpiarçolho".

Pedi-lhe, nesse sentido, que me avisasse quando tal acontecesse, principalmente na frente de estranhos, de forma a que tal facto não me fizesse parecer extra-terrestre e dificultasse o processo de comunicação com os outros terráqueos.

Ela olhou-me séria e disse: "por acaso, à excepção do marmão, não estou a ver mais nenhuma".

"Marmão ?" perguntei. "Mas eu digo bem marmão!".

Foi então que ela me explicou a diferença entre "Marmão" e "Meu Irmão"!

Eu, iluminado, levantei-me e caminhei...

Pantar

Um leitor descreveu-nos a seguinte situação:
Chega a minha avó a casa e pergunta-me "ah Jbão,onde é que PANTASTE as nhas chaves que tavam aqui incima da mesa?"

Que preciosidade linguística!!!! Obrigado pela partilha!

Já agora. por falar em pantar, há já bastante tempo que não tenho pantado nada por estes lados...

Ps.
Para quem ainda não percebeu, pantar significa pôr, colocar, etc... É uma derivação do verbo PRANTAR